O que me motivou a escrever sobre este assunto hoje, foi uma triste notícia que recebi de alguns colegas cirurgiões que operaram, em Nova Iguaçu – Rio de Janeiro, uma gestante de 26 semanas vítima de uma bala perdida. Infelizmente eles tiveram que realizar o parto prematuro deste bebê que dias depois acabou falecendo.
Curiosamente hoje pela manhã vejo essa interessante matéria publicada na revista Nature sobre como tem evoluído as pesquisas sobre a criação de uma bolsa sintética que consegue simular a bolsa amniótica e pode aumentar a sobrevida dos bebês prematuros.
Segue abaixo o texto que foi retirado e traduzido da Revista Nature (link)
Uma bolsa que imita o ambiente do útero pode suportar cordeiros nascidos extremamente prematuros por quatro semanas. Este desenvolvimento aponta para formas de melhorar as perspectivas de bebês extremamente prematuros.
Todos os anos, cerca de 15 milhões de bebês em todo o mundo nascem prematuramente, dos quais cerca de 9% são extremamente prematuros, nascido com menos de 30 semanas de gestação.
A pesquisa para desenvolver um útero artificial que possa abrigar bebês extremamente prematuros começou na década de 1960, mas nenhum dispositivo já foi implementado. As dificuldades incluem a contaminação do fluido em que os bebês devem ser submersos, o que pode causar infecção e desequilíbrios de pressão causados pelo dispositivo que fornece oxigênio, o que pode levar à insuficiência cardíaca.
Partridge et al. relatam um passo na direção certa – o desenvolvimento de uma “Biobag” cheia de líquido na qual eles colocaram cordeiros nascidos em um estágio equivalente a bebês humanos extremamente prematuros.
O Biobag é um saco de polietileno selável no qual o líquido amniótico sintético contendo antibióticos é circulado em um ambiente estéril, prevenindo infecções . Os autores colocaram oito cordeiros extremamente prematuros em Biobags imediatamente após o nascimento e conectaram os vasos sanguíneos dos cordões umbilicais dos animais a um dispositivo especializado em oxigenar o meio. O fluxo de sangue ao redor do dispositivo é conduzido pelo coração do cordeiro, ao invés de uma bomba, imitando o fluxo sanguíneo entre o feto e a placenta no útero, e assim evitando desequilíbrios de pressão no coração fetal e nos vasos sanguíneos. Além disso, a incubação imediata em um ambiente fluido fechado evita uma cascata de mudanças que normalmente ocorrem quando o recém-nascido toma sua primeira respiração, enchendo os pulmões com ar.
Essas mudanças levam ao reencaminhamento da circulação, de modo que a oxigenação ocorre através dos pulmões, e não da placenta através do cordão umbilical. Assim, o Biobag permite a retenção da circulação fetal – não é uma façanha.
Obs: Texto e imagem retiradas e traduzido e da Revista Nature (link)